Luiz Vieira terminava seu show na TV Excelsior com: 'É tarde, eu já vou indo, preciso ir embora, 'té amanhã...' (Menino de Braçanã).
Luiz Vieira comanda 'Encontro com Luiz Vieira' na TV Excelsior, Canal 9; no auge de sua carreira em 1963.
Houve um período entre 1963 e parte de 1964 que Moacyr Franco e Luiz Vieira eram reis. Para sermos mais justos, Moacyr Franco seria o 'rei' e Luiz Vieira o 'príncipe'.
'Moacyr Franco Show' era o programa líder de audiência nas noites de quinta-feira as 20:30 na TV Excelsior. Moacyr brilhava como humorista e cantor romântico em uma hora de variedades.
Luiz Vieira tinha seu 'Encontro com Luiz Vieira', gravado no mesmo palco do Teatro de Cultura Artística, na rua Nestor Pestana e era apresentado às 5as. feiras às 20:00. O sucesso de um programa se estendia ao outro e as noites de quinta eram doces em encanto musical, logo em seguida adoçadas mais ainda pela presença de Richard Chamberlain no papel do jovem 'Dr. Kildare'. Assim, éramos todos felizes assistindo o Canal 9, TV Exelsior em São Paulo e o Canal 2, no Rio de Janeiro.
Isso tudo antes do Golpe Militar de 1964, que fez disso tudo 'passado', quando investiram todo o poderio do Estado na construção de um Canal Único, que veio a se chamar TV Globo. O Brasil tinha sido feliz e não soubera. Era multi-partidário política e artísticamente. Mas a Guerra Fria era impiedosa e passou com seus tratores e tanques por cima de nós todos... e o 'Brasil burro' começou... e continua, de certa forma, até os dias de hoje.
o Teatro de Cultura Artística foi arrendado pela TV Excelsior para ser seu auditório, onde era gravado o 'Show do Meio Dia', 'Moacyr Franco Show', 'Encontro com Luiz Vieira' e outros musicais.
Antonio Borba, Jacqueline Myrna, George Freedman, Marcia ('Ronda'), ator Carlos Zara, maestro Sylvio Mazzucca e moças do corpo de bailado do Canal 9, no programa 'Tele-baile' em 1963.
Luiz Vieira por ele próprio
Em 1975, Luiz Vieira, comemorando 30 anos de sua carreira artística, se apresenta em um show no Teatro da Lagoa, no Rio de Janeiro e é entrevistado por Antônio Chrysóstomo em 30 de Julho de 1975.
'Sempre sofri um tantão dentro desse mundo', diz Luiz Vieira, 48 anos, corpo magro e barbicha pontuda, pernambucano de Caruarú, ao se lembrar de seus primeiros tempos, no Rio, como engraxate do Hotel Gloria. Antes, vivera com o avô, na Baixada Fluminense, catando caranguejos e os passando aos revendedores. O pai, 'sumira no mundo', logo que enviuvou. O garoto escutava apaixonadamente o radio, admirava Francisco Alves e Orlando Silva e ia ouvindo as músicas e histórias do sertão através da boca do avô.
Luiz Vieira apresenta no Teatro da Lagoa, no Rio, um show de longo título - 'De Rapadura e Cuscuz até Menino Passarinho'. Apesar do que conta ter vivido, Vieira em nenhum momento se amargura, no palco ou fora dele. No começo, houve o habitual rosário de apresentações em programas de auditório, nos 'Calouros do Ary Barroso', e a peregrinação às gravadoras.
O primeiro disco, em 1950, incluía os baiões 'Coreana' - nome de uma violenta gripe da época - e 'Pai, acende o lampião'. Pouco depois, Vieira já era incluído na 'familia real' do baião: Luiz Gonzaga, o rei, e Carmélia Alves, a rainha e ele como príncipe. Havia ainda a menina Claudete Soares, chamada 'princezinha', assim mesmo no diminutivo porque era uma cantorinha muito pequenininha e engraçadinha.
O primeiro sucesso de fato, só viria com 'Menino de Braçanã', em 1954. Era uma toada que mais de 30 cantores e orquestras chegaram a gravar, rendendo ao compositor seu primeiro dinheirinho de substância.
Luiz Vieira acabou mudando-se para São Paulo no início dos anos 1960. Em 1962, consegue o maior sucesso de toda sua carreira, 'Prelúdio para ninar gente grande', mas conhecida popularmente como 'Menino Passarinho'. Seria ironia do destino que seus dois maiores sucessos teriam a palavra 'menino' no título?
Um ano depois, 1963, Luiz Vieira consegue mais um grande sucesso com 'Paz do meu amor' ou 'Prelúdio no. 2', e ganha um programa de TV todo seu chamado 'Encontro com Luiz Vieira', na TV Excelsior, a mais popular emissora do país entre 1963 e 1965, sendo perseguida pelos militares até encerrar suas atividades no final da década.
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