Carmen Miranda estourou com 'Tahí' em 1930, gravado para a RCA Victor, posa com o famoso cachorro Nipper; Carmen doing what she like best: antics! The photo was dedicated to 'O Globo' a Rio de Janeiro daily.
Carmen in Petrópolis offers the photo to Marinho (Mario Cunha) her sweetheart from Rio's upper class. Needless to say their romance came to nothing due to his family's objections about her being a poor Portuguese migrant with no class at all.
Breno Ferreira, Carmen Miranda & Josué de Barros.
Chico Alves, Gastão Formenti, Carmen Miranda, Breno Ferreira & Lamartine Babo.
Cesar Ladeira, Almirante e Carmen Miranda nos estudios da P.R.A. 9 - Radio Mayrink Veiga, a mais popular do Rio e do Brasil. E não pensem que Almirante com esse gesto está expressando falta de dinheiro. Elle, Carmen e Cesar são dos mais bem pagos no Radio.
Elegante, com muita bossa - Carmen Miranda é a maior 'bilheteria' do Radio no Brasil, embora não se tenha que comprar 'bilhete' para se ouvir rádio.
CARMEN AT 'O MALHO' in 1934
Weekly magazine 'O Malho' journalist Francisco Galvão visits singer Carmen Miranda at her home next to Santa Thereza, in Rio de Janeiro. He talks to her about her recent travels to Pernambuco, Bahia, Argentina and her incursions into the slums of Rio de Janeiro to listen to what some in the upper classes would call 'Negroid music'.
Carmen is open about everything including her recent visit to Morro do Salgueiro to listen to Black men like Boruca and Gargalhada sing their latest samba songs. Mr. Galvão asks Carmen whether she wasn't afraid to go up to shanty towns. She retorts saying those maligned people are humble and hard working people who congregate on Saturdays to sing & make up rhyme... just like the birds'.
A pequena que realizou o milagre que Hitler, Mussolini e Roosevelt se esforçam por conseguir: ser popular exercendo uma dictadura – a dictadura do samba.
O cartaz na intimidade: Carmen
por Francisco Galvão para 'O Malho' 5 April 1934.
Carmen Miranda! A cidade acclama o seu nome, dos subúrbios mais distantes aos bairros mais nobres. Em toda a parte. Quando canta, no radio, os ‘escuchas’, não querem outra vida, só rodam o número da estação, quando ella sahe do microphone.
Eu creio mesmo que há um passaro escondido na sua garganta. Porque, elástica, cheia de nervos, com aquella garganta maravilhosa, a rainha dos sambas, ‘abafa a banca’ se se faz ouvir em qualquer coisa de seu repertorio: seja no ‘Tão grande... e tão bobo’, como no ‘Sahe poeira do chão’.
Entrevistal-a, muita gente tem feito. Há phrases inteiras que ella jámais proferiu. Mas ninguém pegou ainda de geito, a alma de Carmen, que é uma creança grande, segurou a sua sensibilidade, estranhamente perturbadora, para mostrar ao publico. Seria preciso conviver um pouco naquella casa magnifica, bem perto de Santa Thereza, onde ella vive com sua família, rodeada de arvores, entre gansos e pássaros, para se comprehender, a rigor, a alma da artista que afinal chegou a ser um ídolo do publico.
Ao subir a ladeira enorme, que me levaria, pela primeira vez, ‘chez’ Carmen Miranda, imaginei, para logo, conseguir da artista alguma coisa de emotivo e de novo.
No jardim, estendida preguiçosamente numa rêde de tucum, a artista embalava-se, quando chegamos, acariciando a cabeça de um cão negro que trazia meiguices profundas nos olhos dormentes.
No jardim, estendida preguiçosamente numa rêde de tucum, a artista embalava-se, quando chegamos, acariciando a cabeça de um cão negro que trazia meiguices profundas nos olhos dormentes.
Era verão. As folhas boliam com indolência, e a gente respirava um ar puro no seu studio, onde bonecas japonezas sorriam e Budhas authenticos, gordíssimos, sonhavam nos ‘étagères’.
Moveis modernos e raros, encommendados ao capricho esthetico da dictadora do Samba. Aurora Miranda, convalescente, ali estava com aquelles seus olhos parados, como dois igapós amazônicos.
- Carmen, conte-me a sua impressão de viagem.
- Carmen, conte-me a sua impressão de viagem.
- Consegui-a, viajando para o Norte, conhecendo o Brasil das jangadas, dos feitiços, dos reisados, das mandingas, dos paes de santos. Acredita que eu trouxe de Pernambuco uma impressão duradoura, eterna. Cidade linda, com aquella praia bonita da Boa Viagem, que copia acintosamente Copacabana; as pontes metallicas, onde a gente passa e vê os saveiros, com os mastaréus, molhados, tantos com o perfume das vagas.
O Brum, Casa Amarella, Olinda com aquelle cheiro do passado, com os sinos batendo emotivos.
Você não pode imaginar como eu gostei do Recife!
- E da Bahia?
- Ah, meu caro, a Bahia do Senhor do Bomfim, é um encanto. Gente boa, como a de Pernambuco. Olhe, eu continuo a pensar que o Brasil, o Brasil mesmo, esse Brasil que arranca, nas caatingas, em cima de um potro bravo e se perde no infinito, nas vaquejadas; e se joga, às cégas, sem bussola, guiando-se pellas marés e pellas estrellas, numa jangada, enraivecendo o mar, está ali bem fixo.
- Gosta assim de viajar?
- Penso como João do Rio, a viagem é o único prazer que os deuses deixaram, por esquecimento, na terra. A gente viajando, no deck de um transatlântico, vendo cidades novas, olhando o mar longínquo, não muda apenas, de clima, muda também de alma.
Porque, longe do borburinho das metrópoles, em cima de um tombadilho, a alma da gente como se sente mais socegada, muito mais humana, muito mais doce.
- Qual foi a sua impressão da Argentina?
- Magnifica. Buenos Aires é linda. Cantei lá, como você sabe, com êxito.
A platéa platina é fina e culta. Sabe afferir dos valores. Ou os consagra na estréa, ou os néga. Vae assistir um espectaculo para julgar o mérito do artista.
- E qual é a sua opinião de nossa platéa?
- A nossa é de uma camaradagem absoluta. Acredito que não haja no mundo inteiro uma platéa tão indulgente. Não há quem desencoraje uma artista, com medo de magoal-a. Gente boa, a nossa!
- Conte-nos da sua temporada de Carnaval no Gloria.
- Fui felicíssima. O meu publico compareceu na exacta. Apenas senti a falta da presença de Aurora, que foi victma, como todo o mundo sabe, de um accidente marítimo. Mas o meu publico, a ‘minha gente’ é tão amável que me perdoou a falta de minha irmã. Com o Bando da Lua, e o (João) Petra de Barros, tivemos noites e tardes memoráveis.
Alegre como um raio de sol; sonora, como um guizo, como uma pandeireta agitada por uma ‘maja’ formosa.
- Por que você prefere o samba no seu repertório?
- Por que você prefere o samba no seu repertório?
- Naturalmente porque encontro, nelle, a musica da nossa gente simples e boa. Dor e saudade de um povo. O malandro põe no samba, sua própria alma, toda a sua emoção.
Outro dia, seguindo o seu alvitre, subi o morro. Uma noite linda, como se as estrellas fossem lyrios que se despetalassem no alto.
Céo que era uma maravilha de estrellas.
Subi as ladeiras escorregadias do Salgueiro, fui andando até assistir a batucada e a roda de samba. Lá encontrei o Boruca e o Gargalhada, dois sambistas de fama. A Escola Azul e Branco, dando a nota.
Que poeta esse Gargalhada, ouça: ‘Eu venho derramando lágrimas, não posso resistir esta separação, quero chorar e não posso, tenho remorso, porque eu não tenho razão.
- E, afinal, que me diz do Morro: teve medo?
- De que? Ali mora uma gente laboriosa e humilde que se diverte aos sabbados, cantando e fazendo versos. Como os pássaros.
Embora não seja ‘peca’, estando assim com ‘os caminhos abertos’, porque o ‘meu Santo é bom e forte’, subi, sem o menor temor.
Os bambas ali hoje em dia, são bem outros: não rasgam mais cartas de valentes, vêm, para a praça Onze, cantar os seus sambas magníficos, durante o Carnaval.
Assim falou S.M., a rainha do Samba, sem saber que estava sendo entrevistada.
'O Malho' 24 May 1934.
'Na batucada da vida' written by Ary Barroso & Luiz Peixoto.
daily 'Folha da Manhã' 19 January 1937
daily 'Correiro Paulistano' 18 January 1938.
Dorival Caymmi ao lado de Carmen Miranda, que brilhava nas ondas da Radio Mayrink Veiga, em 1939, poucos dias antes de embarcar para os USA. A figura de Assis Valente, à direita foi cortada da foto.
The Streets of Paris - a Shubert musical revue staged on Broadhurst Theatre in New York in 1939.
Carmen e o Bando da Lua nos USA.
Carmen chega ao Rio em 1940, vinda de New York.
Mesmo dia era tudo alegria até a apresentação de Carmen no show beneficente no Cassino da Urca patrocinado por Darcy Vargas.
Charge critica Carmen por ter 'perdido o rítmo'. Na verdade os brasileiros não gostaram de se verem retratados pelo cinema norte-americano. Ou seja, os brasileiros não sabiam que eram vistos como 'inferiores' pelos 'irmãos do norte', e ao invés de fazerem uma auto-crítica de sua relação com o 'patrão', investiram impiedosamente contra Carmen, achou que todo o ódio era contra sua pessoa. Os brasileiros, ou seus representantes na Imprensa, queriam tapar-o-sol-com-a-peneira, identificando-se com o opressor, esquecendo-se que ele é o oprimido. Elementar, meu caro Watson, but so hard to see!
MEU ENCONTRO COM CARMEN MIRANDA
"Revista Carioca" - Rio, 12 de maio de 1949
por Barbara Norton
HOLLLYWOOD - Esta reportagem é a verdade sôbre Carmen Miranda. Foi o resumo das muitas horas que passei em sua residência em Beverly Hills onde tive a oportunidade de observá-la de perto na intimidade da sua casa entre os seres que lhe são queridos e posso dizer: Como Carmen, só Carmen!... Assim pensam os seus amigos do Brasil, os inúmeros amigos que a procuram e que ela recebe com o maior carinho. Vi sôbre a sua secretária cartas de brasileiros em viagem aos Estados Unidos, solicitando-lhe entrevistas com semanas de antecedência. Ninguém vem a Hollywood sem procurá-la. A sua piscina é famosa bem como os seus suculentos almoços aos domingos onde pratos tipicamente brasileiros são servidos para regalo de todos os seus amigos brasileiros que lá se encontram. Vi gente simpática como o casal Afonso Portugal, o poeta Vinicius de Morais e muitos outros. Porque a verdade é que Carmen venceu definitivamente na terra do cinema. A sua popularidade é enorme. Os seus turbantes são copiados e uma verdadeira febre espalhou-se por ocasião do seu lançamento nos Estados Unidos, quando vitrinas ostentavam manequins Carmen Miranda.
Mas Carmen conserva-se tal como é; o sucesso não lhe subiu à cabeça como acontece a muitas provincianas que conhecemos por aqui... Sua vida é simples e saudável pois
Carmen adora passar a maior parte do tempo ao ar livre. Levanta-se cedo para as filmagens e nas suas férias vai para Palm Springs. Uma vez ou outra um night-club. Hollywood não é o que muita gente pensa, diz ela, uma cidade de vida aira e antes uma cidade de trabalho. As estrelas humanizaram-se e fora da tela vivem para o lar e para os filhos. Não todos, é claro, mas a maioria... Uma ou outra leva uma vida mais fútil, mas isto de mulheres fúteis o mundo está cheio delas... Carmen adora o Rio e para ela Copacabana ainda é a mais linda praia do mundo... Seus artistas prediletos são: Greta Garbo - para ela Greta Garbo é a escola do cinema - Ingrid Bergman, Bette Davis, Van Johnson, James Mason.
Voltamos a falar sôbre o Rio novamente. Quanta coisa a recordar... Pergunto a Carmen como se sente agora, que atingiu quase tudo quanto poderia almejar, e ela responde devagar, com uma expressão sonhadora nos olhos quase sempre travessos: "Às vezes tenho saudade dos anos duros de luta quando eu sonhava ter o mundo nas mãos..." E Carmen fica olhando o passado e a gente que ela tem saudade mesmo... Assim é a Carmen que eu conheci em Hollywood. Os que não a conhecem realmente e tentam escrever sobre ela deviam aprender a conhecê-la melhor e talvez se tornassem menos invejosos e mais amigos da verdade.
Contribuiu com a matéria para este site: Douglas H.B. Vives
dançando num night-club dando as costas a Michele Morgan.
Carmen takes a shower in her house in Beverly Hills grooming her long hair...
Carmen takes a shower in her house in Beverly Hills grooming her long hair...
Carmen at home after a grueling day...
Carmen signs a few autographs at a function to raise money for the US efforts at WWII.
Carmen signs a few autographs at a function to raise money for the US efforts at WWII.
New York's Sunday News - 28 February 1943.
back in the U.S.A. in 1943.
Carmen stops for a smoke in Stockholm, Sweden in 1953.
Kolynos es la mejor crema dental...
Carmen embraces Aracy de Almeida on her arrival at the São Paulo International Airport in 1954.
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